Continuando a história das flores, hoje abordaremos a historia dos arranjos no oriente.

Os antigos egípcios não eram os únicos a confeccionar arranjos florais, durante os tempos antigos. Na verdade, existem registros de que os chineses já faziam  arranjos de flores no período de 202 AC a 220 DC, na dinastia Han da China antiga.  Para os chineses as flores e plantas são componentes integrais na medicina, bem como no ensino religioso. Neste sentido, um dos fatos mais importantes sobre a antiga cultura chinesa está na classificação e descrição de uma grande quantidade de ervas e plantas com base em usos medicinais, tendo as flores também como uma parte importante nas cerimônias religiosas.

Uma das civilizações mais antigas, que certamente também teve o prazer de conviver com a beleza das plantas e flores mas que ainda não foram encontrado registros do uso de motivos florais ou arranjos de flores nos objetos encontrados em sítios arqueológicos. Em verdade, existem achados do período Neolítico (10.000 e 7.000 AC) demonstrando que naquela época os antigos chineses já usavam sua capacidade inventiva para desenvolverem métodos para a agricultura e até apreciar a música, ao confeccionarem flautas com os ossos das asas do “Grou da Manchúria ou Grou Japonês”. Não podemos negar que alguém que tenha sensibilidade suficiente para dar atenção a este tipo de arte não tenha observado a beleza das flores ao seu redor e usado de alguma forma para adornar ou enfeitar algum momento de suas vidas. Mais para frente – Dinastia Zhou (1066-AC a 221AC) – a maioria dos objetos encontrados deste período fazem referencia a formas geométricas (zig-zag) e animais como dragões, tigres, fênix e uso de motivos zoomórficos como formas ornamentais  representado neste vaso de bronze.

As formas de expressões florais da China antiga eram tradicionalmente baseadas na arte da contemplação de Confúcio, o princípio budista da preservação e o simbolismo taoísta. Para o confucionismo, um arranjo floral deve ser contemplado filosoficamente tanto como um símbolo da existência orgânica como por seus aspectos estéticos. Os Budistas usavam as flores com moderação por causa de sua doutrina religiosa, que proíbe tirar a vida, mas na dinastia Tang (618 a 907 DC) foram colocadas flores nos altares do templo em Ku; e estão também no formato de um antigo vaso de bronze para o cerimonial do vinho que data da dinastia Shang (XVIII ao século XII AC) cujo formato foi reproduzido em porcelana em dinastias posteriores. Talvez a influência do Budismo tenha feito existir enorme presença de motivos florais como decoração em muitos objetos de uso comum, como esta xícara com gravura de flores deste período as gravuras e pinturas da China antiga. Este cavalo de cerâmica vidrada com sela decorada com flores da dinastia Tang inclui uma sela cuidadosamente decorada com tiras de couro e fechos ornamentais com oito pétalas de flores e folhas de damasco. Adornos e enfeites com motivos florais podem ser encontrados em outros objetos da época vários objetos como este espelho com motivos florais. No simbolismo taoísta, as quatro estações do ano foram indicadas pela flor de Ameixa branca para o inverno, a peônia na primavera, o Lótus no verão, e os crisântemos para o Outono. Cada mês também tem sua própria flor e significado. O desejo de longevidade, por exemplo, pode ser expresso com um arranjo de flores com a presença do pinheiro ou bambu. No Ano Novo as características florais são os Narcisos brancos e a Peônia, usada para simbolizar a boa fortuna.

As flores, folhas e plantas usadas para fazer arranjos eram cuidadosamente selecionadas com base em seu significado simbólico. Por exemplo, o bambu, o pessegueiro e a pereira foram usados para simbolizar a importância de viver uma longa vida. Outras flores, como o lírio, a romã e a orquídea, simbolizavam a fertilidade e prosperidade. A mais honrada de todas as flores, no entanto, é a peônia. Esta flor, que é referido como sendo conhecida como “a rainha das flores”, simbolizava a riqueza, fortuna e posição elevada.