À palavra tulipa, escrita em árabe com as mesmas letras de Allah, há séculos é atribuído um destaque com aura de sagrado. A flor, originária das montanhas do Himalaia e descoberta pelos turcos, de tão rara, era associada a pureza e seu formato ao turbante usado pelos muçulmanos. Já no Século XVI, no império otomano, a tulipa simbolizava saúde, poder e prestígio pelo sultão e a sua corte. A flor foi introduzida na Holanda pelo botânico holandês Carolus Clusius, que criou em 1590 o Horto Botânico de Leiden, dedicado às ervas medicinais.

Ainda no Século XVI, o embaixador da Holanda na Turquia trouxe um bulbo de tulipa e o entregou a Carolus Clusius, que  plantou no Horto Botânico da Universidade de Leiden e masceu o primeira tulipa do Oeste Europeu. Clusius estudou a tulipa, desenvolveu novas variedades e plantou uma diversificada amostragem. O Horto, hoje pertencente à Universidade de Leiden, foi o primeiro criado na Holanda, um dos pioneiros na Europa. A flor tornou-se nos lares holandeses símbolo de prosperidade e ascendeu na cotação de mercado na década iniciada em 1630.

Até a década de 60 no Século XX, as ações de negócios com tulipa subiam nas bolsas de valores, quando a bolha se desfez. Mas o valor ainda vigora no Holanda, tocado por empresas como a Colorblands, que criou em Amsterdam, no pitoresco bairro Jordaan, o Museu da Tulipa, onde colhemos as informações aqui relatadas e no Horto Botânico.

São conhecidas hoje mais de 3 mil variedades de tulipas, das quais 135 desenvolvidas pela empresa Colorblands, entre elas a Rainha da Noite. A primavera é a estação das flores, em especial das tulipas, que não são vistas na presente estação, o verão, em que chove e este ano foi o mais frio dos últimos 25 anos. O Horto Botânico é um deleite para o espírito com grandes coleções de plantas do leste e do sudeste da Ásia, do sul da Europa e da África do Sul. Mais de 10 mil plantas estão distribuídas em jardins e estufas, algumas plantadas em 1590, flores em profusão, usados no ensino, pesquisa e exposição. Também em Leiden, a pesquisa Jardins dos Faraós, montada no Rijksmuseum van Oudheden, museu de arqueologia, expõe sementes, árvores, plantas e ervas preservadas de 3 mil anos no clima seco do Egito. O estudo foi feito pelo Horto Botânico em parceria com outros museus da Holanda e Alemanha.

No tempo dos faraós, a figueira era a morada da deusa do ceu e o lótus o principal símbolo de vida nova. A agricultura ganhava significados ocultos além do valor utilitário à sobrevivência. A oliveira era uma das plantas cultivadas no tempo dos faraós, assim como videiras.No tempo dos faraós, a figueira era a morada da deusa do ceu e o lótus o principal símbolo de vida nova. A agricultura ganhava significados ocultos além do valor utilitário à sobrevivência. A oliveira era uma das plantas cultivadas no tempo dos faraós, assim como videiras.

Na exposição, são mostradas a flor do papiro e as flores secas da grinalda do túmulo do faraó Ramsés II, além de utensílios e joias. A mostra Jardins dos Faraós é um anexo das exposições permanentes do Rijksmuseum van Oudheden em três andares que exibe um acervo arqueológico da Grécia, Roma e dos Etruscos.

Fonte: Flaminio Araripe